Wednesday, October 05, 2011

Letargia

Segundo a Wikipédia, entende-se letargia como um “estado mórbido em que as funções da vida estão atenuadas por forma tal que parece estarem suspensas.”
Utilizando esse termo metaforicamente, posso dizer que me sinto letárgica. Não em relação a condições físicas, mas psiquicamente falando. Me sinto num estado de paralisia profunda perante à vida. Me sinto parada. Presa. Sem saída. Esperando. Cansada.
Não consigo, simplesmente não consigo enxergar as possibilidades ao meu redor. Estou cega. Fui engolida pelo monotonia. A modorra é tanta que até o sofrimento parece mais convidativo do que a minha apatia atual.
O que dá brilho à minha vida? Eu não sei. Eu preciso descobrir. Logo. Urgente.
Como? =(

Sunday, July 31, 2011

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada

Vinicius de Moraes

 

Thursday, June 30, 2011

Homesick


Ando com tanta saudade de casa! Da casa em que cresci, onde passava os sábados chuvosos na cozinha, fazendo alguma receita de bolo com minha mãe... E no sábado à noite, enquanto todos dormiam, eu podia me trancar no quarto sozinha, ouvir músicas que eu gostava (geralmente melancólicas) e escrever no meu caderno de poesias. Isso tudo era tão bom!
É estranha essa sensação de nostalgia; é boa e ruim ao mesmo tempo. É boa porque foi uma época feliz. É ruim porque nunca vai acontecer de novo. Quer dizer, eu ainda posso me trancar no quarto, ouvir música e escrever; mas não vai ter aquela coisa no ar, aquela emoção de se ter 13 anos e tantos sonhos... Será que perdi meus sonhos? Definitivamente não. A diferença é que hoje em dia, tenho sonhos mais realistas (se é que isso é possível). Antes, eu não sabia muito bem que destino minha vida iria tomar; hoje eu já tenho alguns planejamentos e perspectivas, um rascunho do que vai acontecer no próximo capítulo.
É ruim crescer, não é? Mas também é bom. Sinto dentro de mim uma ambivalência enorme entre querer e não querer ser adulta. Ainda preciso descobrir o que é a felicidade para um adulto. Porque quando eu era criança, eu sabia muito bem.

Friday, November 26, 2010

Amigo Secreto


Uma coisa que sempre me intrigou muito foi a tal da amizade. Acho que esse sempre foi um campo "difícil" pra mim; às vezes fico me perguntando se já tive algum amigo de verdade mesmo... aí percebo que o que eu entendia por amizade sempre foi aquela coisa idealizada e high school, onde as meninas trocam segredos, fazem festa do pijama e têm códigos pra se comunicar, etc, etc. E acho que não é bem isso o que configura uma amizade verdadeira...
É muito estranho perceber que não vejo e não converso mais com pessoas faziam parte do meu dia-a-dia há 10 anos atrás, por exemplo, e que eu realmente gostava de ter por perto. Até já tentei reatar uma amizade dessas antigas, mas mudamos tanto que não temos mais assunto e nem interesses em comum.
Tenho medo de que as amizades sejam todas passageiras e de acordo com a fase da minha vida: as amigas do ensino fundamental já passaram; as amigas do médio também. Será que depois, quando a faculdade e nada disso for mais rotina, continuaremos a nos falar?
O que eu entendo por amizade, nos dias de hoje, ainda tem a ver com troca de confidências e confiança; porém, há um fator bem importante que incluí na minha lista: a aceitação. Não preciso mais fazer isso ou aquilo pra me considerarem "parte do grupo". Com essas pessoas que hoje considero minhas amigas, me sinto aceita sendo quem eu sou. :)

Thursday, November 18, 2010

O Outro

Algumas pessoas vivem suas vidas esperando que o Outro faça algo que as deixe bem, tranquilo, feliz, whatever; esse monte de coisas saudáveis que todo ser humano busca. De acordo com o passo que o Outro dá, eu fico feliz ou triste. Se atende às minhas expectativas, perfeito, sou a pessoa mais feliz do Planeta. Se me decepciona, droga, vou juntar minhas coisas e ir-me embora para Pasárgada.
Psicanaliticamente falando, seria aquilo que impera nos neuróticos de Freud: o que o outro quer de mim?
Acontece que o Outro não está nem aí pras suas expectativas e frustrações. O Outro vive a vida dele, correndo atrás dos desejos e sonhos dele. E não vai deixar de fazer o que quer porque vai te deixar mal.
Esse excesso de importância que se dá ao Outro não tem mais lugar na sociedade individualista e perversa em que vivemos. É cada um por si, quer você goste ou não. E no final, é só você por você mesmo.

Thursday, November 04, 2010

Tripalium

Uma das coisas que mais me intriga no discurso de algumas pessoas é a importância primordial referida ao trabalho. Isso tem me incomodado muito porque minha jornada semanal inclui 6 disciplinas de Psicologia na universidade, mais 20 horas de monitoria de pesquisa, mais 10 horas como telefonista/recepcionista numa rádio aos fins de semana e feriados. E aí vem alguém me dizer que, se eu fizer menos disciplinas, poderia trabalhar mais no próximo semestre. HELLOU? Peraí!! Quem disse que eu quero trabalhar mais?
Quando chego em casa do trabalho, percebo como meus avós ficam felizes e orgulhosos “Olha só que esforçada, ela trabalha no domingo de manhã! Essa é minha neta!” Mas na real eu acho uma bosta trabalhar no fim de semana. Mas não tenho muita escolha, afinal, não nasci em berço de ouro e minha faculdade é diurna, ficando difícil encontrar um emprego fixo.
Sempre considerei um grande erro da humanidade esse valor exagerado dado ao trabalho. As pessoas não vivem para trabalhar. Gente, O TRABALHO NÃO É O SENTIDO DA VIDA! Para aqueles que crêem em Deus, me respondam: porque ele criaria a natureza e um mundo tão bonito se as pessoas ficam 44 horas semanais trancadas numa fábrica? Para aqueles que não acreditam: se um dia tudo vai acabar em nada mesmo, porque a gente fica se massacrando diariamente? A vida é agora.
A contagem regressiva dos brasileiros para os feriados, para as férias, reflete o exagero da carga de trabalho a que estamos submetidos. Não é preguiça, não é falta de vontade de trabalhar: é excessividade. Quando utópicos como eu falam em reduzir a jornada de trabalho, defensores do liberalismo econômico riem. Mas o fato é que cada vez menos pessoas estão se submetendo a trabalhos exaustivos em troca de salários mínimos e condições piores ainda. Para mim, longe de ser um direito, o trabalho é uma obrigação.

Sunday, October 31, 2010

Festa da Democracia

Segundo os mais otimistas, hoje é o dia da famosa "Festa da Democracia". Sem levar em conta opiniões a respeito do voto obrigatório ser democrático ou não, considero o voto o ato simbólico maior de prática da cidadania.
Votar pra mim significa ser parte da sociedade. Mesmo que os candidatos sejam decepcionantes, mesmo que eu não tenha esperança de muitas mudanças nos próximos anos.
O voto foi uma conquista dos militantes, das pessoas que lutaram pelos direitos do povo. Sabe, acho que é isso que falta hoje em dia: militância. O povo nas ruas, o povo brigando por tudo a que deveria ter direito segundo a Constituição, segundo os Direitos Humanos...
O voto vem do povo, e não venha me dizer que o povo é burro. O povo quer ter voz e, já que não vai às ruas, o faz através das urnas.