Uma das coisas que mais me intriga no discurso de algumas pessoas é a importância primordial referida ao trabalho. Isso tem me incomodado muito porque minha jornada semanal inclui 6 disciplinas de Psicologia na universidade, mais 20 horas de monitoria de pesquisa, mais 10 horas como telefonista/recepcionista numa rádio aos fins de semana e feriados. E aí vem alguém me dizer que, se eu fizer menos disciplinas, poderia trabalhar mais no próximo semestre. HELLOU? Peraí!! Quem disse que eu quero trabalhar mais?
Quando chego em casa do trabalho, percebo como meus avós ficam felizes e orgulhosos “Olha só que esforçada, ela trabalha no domingo de manhã! Essa é minha neta!” Mas na real eu acho uma bosta trabalhar no fim de semana. Mas não tenho muita escolha, afinal, não nasci em berço de ouro e minha faculdade é diurna, ficando difícil encontrar um emprego fixo.
Sempre considerei um grande erro da humanidade esse valor exagerado dado ao trabalho. As pessoas não vivem para trabalhar. Gente, O TRABALHO NÃO É O SENTIDO DA VIDA! Para aqueles que crêem em Deus, me respondam: porque ele criaria a natureza e um mundo tão bonito se as pessoas ficam 44 horas semanais trancadas numa fábrica? Para aqueles que não acreditam: se um dia tudo vai acabar em nada mesmo, porque a gente fica se massacrando diariamente? A vida é agora.
A contagem regressiva dos brasileiros para os feriados, para as férias, reflete o exagero da carga de trabalho a que estamos submetidos. Não é preguiça, não é falta de vontade de trabalhar: é excessividade. Quando utópicos como eu falam em reduzir a jornada de trabalho, defensores do liberalismo econômico riem. Mas o fato é que cada vez menos pessoas estão se submetendo a trabalhos exaustivos em troca de salários mínimos e condições piores ainda. Para mim, longe de ser um direito, o trabalho é uma obrigação.